Morreu nessa terça-feira (12), em São Luís, aos 82 anos, Clemente Domingos Pinheiro, nome de batismo do mestre ‘Mundoca’, cantador do Boi da Floresta, do Mestre Apolônio.
Segundo a família, o cantador sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC), no início do mês de março e foi parar na UTI, em estado grave. Após quase dois meses internado no Hospital do Servidor, na capital maranhense, o mestre acabou não resistindo e morreu na noite dessa terça.
O velório do mestre Mundoca está sendo realizado na residência dele, na rua 5 do bairro São Francisco, em São Luís. O enterro vai ocorrer no fim da tarde desta quarta-feira, em local ainda não informado pela família.
Homenagem
Em junho de 2021, o cantador foi homenageado com uma grafitagem na fachada do Grupo Mirante, na avenida Ana Jansen, no bairro São Francisco.
“Todos os anos, eu faço questão de participar das brincadeiras. O Boi da Floresta faz parte da minha vida. Estou muito feliz com essa homenagem. E que bom que ainda estou vivo pra ver isso acontecer”, declarou o mestre Mundoca na época da inauguração do mural.
A grafitagem com a imagem do mestre ‘Mundoca’ foi feita pelo artista Gil Leros, por meio do projeto “Amo, Poeta e Cantador”.
“Vou ficar mais conhecido (risos). Morre o boi, mas fica o nome”, afirmou o mestre cantador ao receber a homenagem.
No total, foram feitos 10 murais com imagens de grandes personalidades do Bumba meu Boi do Maranhão, sendo quatro na capital maranhense e os demais em Axixá, Cururupu, Barreirinhas, Guimarães, Viana e São José de Ribamar.
A ideia foi enaltecendo a maior manifestação cultural do estado, que é o Bumba Meu Boi.
Uma vida dedicada à cultura
Nascido em 11 de novembro de 1939, em São Bento Novo do Maranhão, aos 14 anos de idade Clemente Domingos teve o primeiro contato com as brincadeiras de Bumba meu Boi. Com 17 anos ele veio trabalhar em São Luís e foi nessa época que conheceu o mestre Apolônio Melônio, que iria fundar, em 1972, o tradicional Boi da Floresta, do sotaque de Pindaré.
“Vim pra São Luís aos 17 anos, onde conheci Apolônio Melônio. Trabalhávamos juntos como estivadores no Porto de São Luís. Entrei pro Boi da Floresta logo no início da sua fundação, quando eu tinha 33 anos. E, hoje, mesmo cansado e com dificuldades para caminhar, não deixo de participar das brincadeiras todos os anos”, contou mestre Mundoca, em entrevista ao jornal O Estado do Maranhão, em 2021.
Mestre Mundoca, que recebeu esse apelido em homenagem a um avô que era chamado de ‘Doca’, esteve junto com mestre Apolônio desde a fundação do Boi da Floresta. E, ao longo dos quase 50 anos do boi, ele entoou as toadas que encantaram o público, espalhando o amor que tinha pela cultura popular do Maranhão.
Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Cultura de São Luís (Secult) manifestou profundo pesar pelo falecimento do Mestre Mundoca. “Parafraseando o mestre Mundoca: ‘Hoje morre o cantador, mas fica o nome e o seu legado cultural para todos os ludovicenses’. Neste momento de dor e pesar, a Secult se solidariza com os familiares e amigos do mestre rendendo homenagens pela sua dedicação a nossa cultura”.