Após protesto de povos indígenas, que interditaram um trecho da BR-226, entre os municípios de Barra do Corda e Grajaú, no último sábado, permanece a situação de precariedade dos serviços de saúde pública oferecidos nas aldeias.
A falta de medicamentos; de suporte técnico, por meio de equipamentos hospitalares, e a presença de remédios fora da validade, em postos de saúde, são algumas das queixas da população indígena, no povoado Cana Brava. Em meio a crise, a falta de combustível nos carros, para transporte de pacientes, tem feito dos caminhões uma alternativa para o deslocamento de índios com enfermidades.
Sem avançar em negociações com o Governo Federal, lideranças indígenas explicaram que a interdição da BR-226 foi uma alternativa encontrada para reivindicar melhorias nos tratamentos de saúde disponíveis nas aldeias. O trecho interditado afetou uma das principais áreas de rota comercial do estado, entre as regiões leste e oeste maranhenses. Cerca de 3 mil carretas ficaram paradas, na rodovia, em dois dias.
Reclamações
Uma das moradoras da região, Glória Guajajara, lamenta a falta de assistência para a população local, que segundo ela, chega a ser estigmatizada e vítima de preconceitos. “Nós temos o direito de ter uma saúde, como qualquer outro ser humano. As pessoas querem tratar a gente como se fosse bicho. A gente tem as viaturas da saúde, mas elas recebem o combustível não para o mês inteiro, mas quinzenal. E o resto do mês? Nós temos médicos, sim; temos clínico geral nas aldeias, em alguns postos de saúde, nas aldeias, mas e aí, o que é que adianta a gente ter isso, se não tem medicamento?”, diz.
A Líder indígena Kerliane, que atua na região do povoado Cana Brava, informa que a atenção das autoridades é necessária para enfrentar o momento delicado na localidade. “A comunidade tá sofrendo o problema na pele. Não é fácil nós sermos vítimas da saúde indígena no Maranhão. Eu quero pedir, mais uma vez, um pedido de socorro, para que eles (autoridades) possam atender, de imediato, as demandas dos caciques. Que eles vêm reivindicando, há muito tempo, em diálogos, reuniões, videoconferência, e, em nada, eles tiveram avanço, por parte da saúde, infelizmente”, disse.