Ao se planejar o desenvolvimento de um país, deve-se considera os recursos hídricos disponíveis. Todas as atividades econômicas demandam uma determinada quantidade de água — algumas delas exigem um volume altíssimo desse recurso natural. Então, quanto de água é usada para produzir coisas?
O consumo total de água no Brasil – o que corresponde à água utilizada menos a água que retorna para o meio ambiente por meio das chuvas – foi de 329,8 mil hectômetro cúbicos (hm³), de acordo com levantamento específico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo esse levantamento, o consumo no país está dividido assim: agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (97,4%); indústria de transformação e construção (1,0%) e o setor de água e esgoto (0,8%). Fica claro que os produtos de origem agrícola e animal têm uma enorme pegada hídrica.
Pegada hídrica
É um conceito criado em 2002 para dar mais transparência ao montante de água envolvido na fabricação de diferentes produtos ou atividades produtivas. A partir desse cálculo, o impacto de cada setor econômico sobre os recursos hídricos fica muito mais claro (e mais chocante também).
Água na produção
Segundo a organização internacional Water Footprint, abaixo a pegada hídrica de alguns dos produtos mais produzidos e consumidos no Brasil:
1 – Carne bovina: a média mundial aponta para uma pegada hídrica de 15.400 litros por quilo do produto, sendo que a maior parte dessa água está na alimentação dos animais (99%). Essa pegada hídrica é muito maior do que as pegadas de carne ovina (10.400 litros/kg), suína (6.000 litros/kg), caprina (5.500 litros/kg) ou galinha (4.300 litros/kg).
2 – Couro: A fração maior (83%) da pegada hídrica do animal bovino é atribuída à carne, enquanto que, em média, 5,5% é atribuída ao couro bovino (e as frações restantes a outros produtos). Uma vaca de corte totalmente desenvolvida, pesando 250 kg, produzirá 6 kg de couro para que a pegada hídrica do couro bovino seja de 17.000 litros/kg.
3 – Manteiga: a pegada média global de uso de água para produção de leite de vaca integral é de cerca de 940 litros/kg. Cerca de 28% desta quantidade é destinada à manteiga, que é derivada do leite integral, e os 72% restantes ao leite desnatado. Um quilograma de leite integral dá cerca de 50 gramas de manteiga, de modo que a pegada hídrica da manteiga é de 5.550 litros/kg, o que é baixo quando comparado com outros produtos de origem animal.
4 – Chocolate: as amêndoas de cacau têm uma pegada hídrica de 20.000 litros/kg. Cerca de 97% da pegada hídrica total das sementes de cacau é atribuída à pasta de cacau que deriva das sementes; o restante é atribuído aos subprodutos. Um quilo de grãos de cacau dá cerca de 800 gramas de pasta, de modo que a pegada hídrica da pasta de cacau é de cerca de 24.000 litros/kg. Quando assumimos que o chocolate consiste em 40% de pasta de cacau (com uma pegada de água de 24.000 litros/kg), 20% de manteiga de cacau (34.000 litros/kg) e 40% de açúcar de cana (1800 litros/kg), podemos calcular que o chocolate tem uma pegada de hídrica de cerca de 17.000 litros/kg.
5 – Café: pegada hídrica média global: 130 litros para 1 xícara de café. Cerca de 18.900 litros de água são necessários para produzir 1 kg de café torrado.
6 – Vinho: a pegada hídrica média global das uvas é de 610 litros/kg. Um quilograma de uva dá 0,7 litros de vinho, de modo que a pegada hídrica de um vinho é de 870 litros de água por litro de vinho. Isto significa que uma taça de vinho (125 ml) custa 110 litros.
7 – Cerveja: em média, a água derivada da cevada tem uma pegada hídrica de 1.420 litros/kg. Quando consideramos a quantidade de água de cevada maltada para produzir cerveja, o produto final passa a custar 298 litros de água por litro de cerveja. Isto significa que um copo de cerveja (250 ml) custa 74 litros de água. Este cálculo exclui a pegada hídrica de outros ingredientes utilizados no processo de produção da cerveja.
8 – Milho: a pegada hídrica média global do milho é de 1.220 litros/kg, mas esse valor varia muito por país. O milho dos EUA tem uma pegada hídrica média de 760 litros/kg; o milho da China 1.160 litros/kg; o milho do Brasil 1.750 litros/kg; e o milho da Índia 2.540 litros/kg. No período 1996-2005, a produção global de milho contribuiu com 10% para a pegada hídrica total da produção agrícola no mundo. Os EUA, China e Brasil contribuíram com 25, 18 e 8% para o total da pegada hídrica da produção de milho naquele período.
9 – Tomate: na média, um tomate custou 50 litros de água para ser produzido. O ketchup tem uma pegada hídrica de 530 litros de água por quilo de produto; o extrato de tomate usa 710 litros de água por quilo.
10 – Algodão: a pegada hídrica média global do algodão é de 10.000 litros/kg. Isso significa que uma camisa de algodão de 250 gramas custa cerca de 2.500 litros de água. Um jeans de 800 gramas custa 8.000 litros. Estes números são médias globais, já que a pegada hídrica do tecido de algodão tem alta variação de um lugar para outro (Com informações Climatempo).