A Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgou informações atualizadas sobre o fenômeno La Niña, que, tradicionalmente, é associado a chuvas intensas e temperaturas mais amenas. De acordo com a OMM, a expectativa de que esse fenômeno se manifeste no final deste ano pode não se concretizar, com a probabilidade de transição das condições atuais para La Niña sendo de 55% entre setembro e novembro e 60% entre outubro e fevereiro. Anteriormente, as previsões da OMM indicavam uma chance de 60% para a ocorrência de La Niña entre julho e setembro, e 70% entre agosto e novembro. Este fenômeno é caracterizado pelo resfriamento das águas do oceano Pacífico equatorial, o que provoca alterações significativas na circulação atmosférica tropical, impactando o clima em diversas regiões do mundo.
No Brasil, a presença de La Niña costuma resultar em um aumento das chuvas na região amazônica, que atualmente enfrenta uma severa seca e incêndios florestais. Em contrapartida, o Sul do país tende a experimentar uma diminuição nas precipitações, região que já sofreu com chuvas devastadoras no ano passado. A OMM enfatiza que esses fenômenos climáticos estão interligados às mudanças climáticas provocadas pela atividade humana, que intensificam as temperaturas e as condições climáticas extremas.
Celeste Saulo, secretária-geral da OMM, destacou que, embora um resfriamento temporário possa ocorrer, a tendência de longo prazo de aumento das temperaturas globais permanece inalterada. Os últimos nove anos foram os mais quentes já registrados, mesmo com a influência de um longo período de La Niña que se estendeu de 2020 a 2023. O fenômeno El Niño, que teve início em junho do ano passado, foi um dos mais intensos já observados, contribuindo para que 2023 se tornasse o ano mais quente dos últimos 125 mil anos.
Saulo também chamou a atenção para o fato de que, mesmo com a predominância de condições neutras nos últimos meses, eventos climáticos extremos, como ondas de calor e chuvas intensas, continuam a ocorrer.