A mesma equipe de cientistas que previu, em artigo publicado em agosto na Nature, o segundo colapso na saúde em Manaus por causa da covid-19, aponta agora para uma terceira onda do coronavírus na região.
Segundo os pesquisadores, o Estado do Amazonas corre o risco de espalhar a crise sanitária para todo o território nacional, caso autoridades não imponham lockdown com pelo menos 90% da população isolada e vacinação em massa mais acelerada do que no restante do país.
“Sem o isolamento social adequado, Manaus deve enfrentar uma terceira onda ainda em 2021. É necessária uma fiscalização forte da polícia para garantir o fechamento de Manaus”, destacou o biólogo e doutorando do programa de Biologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e o primeiro autor do artigo na revista científica, Lucas Ferrante.
De acordo com o cientista, a taxa de transmissão e mortalidade por covid-19 deve se manter a mesma durante todo o ano se não forem aplicadas medidas drásticas de isolamento, facilitando o surgimento de cepas. “Isso deverá propiciar novas mutações, o que pode culminar em uma nova variante resistente às vacinas já produzidas”, disse Ferrante.
O cientista frisa que a atual segunda onda não é fruto da nova cepa, notoriamente mais transmissível e responsável por mais mortes em Manaus e interior, e que possui similaridades com as encontradas na África do Sul e no Reino Unido. “Essa segunda onda é fruto da negligência de governador e do prefeito da capital, de não terem decretado um lockdown severo por algumas semanas no ano passado”, diz.