Figura central do modernismo brasileiro, a pintora paulista Tarsila do Amaral (1886-1973), terá sua vida filmada pela cineasta Daniela Thomas. A produção envolve o produtor brasileiro Cláudio Kahns, da Tatu Filmes, e o produtor executivo inglês Simon Egan, da Bedlam Productions. Egan é ganhador de um Oscar entre os quatro conquistados pelo filme O Discurso do Rei (The King’s Speech), dirigido por Tom Hooper e produzido por ele em 2011.
Tarsila é autora de Abaporu (1928), a icônica tela que resume as propostas do movimento modernista do Brail. Tarsila (o filme ainda não tem título definitivo) será uma obra ficcional e deverá estar pronta em 2022, a tempo para comemorar o centenário da Semana de Arte Moderna. Alguns nomes circulam entre os prováveis intérpretes dos protagonistas da história da pintora. A obra de Tarsila é atualmente, a mais cara do Brasil – há dois anos o Museu de Arte Moderna de Nova York pagou US$ 20 milhões por sua tela A Lua, de 1928.
Tarsila pode até ser interpretada pela francesa Marion Cotillard, também vencedora de um Oscar por Piaf – Um Hino ao Amor, de Olivier Dahan, em que fez o papel da cantora Édith Piaf (1915-1963). Cotillard tem muito em comum com Tarsila: une a elegância das grandes grifes (usa Dior e Chanel) com militância política (ela apoiou o cacique Raoni em sua luta contra a construção da usina de Belo Monte e ajuda o Greenpeace).
Tanto Egan como Kahns não confirmaram o contrato, mas o inglês acha que ela seria uma escolha acertada. Como se sabe, a ligação de Tarsila com a cultura francesa foi intensa desde a infância, quando o pai fazendeiro contratou uma preceptora belga para lhe dar aulas – isso muito antes de a família ir à bancarrota.
Paris foi, além de tudo, o berço da modernidade de Tarsila, aluna de Léger que se vestia com o melhor estilista francês dos anos 1920, Paul Poiret (1879-1944), um patrono das artes. Poiret costumava expor obras de seus protegidos em seu ateliê de costura – era amigo de Brancusi, Matisse e Delaunay.
O segundo marido da pintora, Oswald de Andrade, mentor da Semana de 22 ao lado do escritor Mário de Andrade, poderá ser vivido por Wagner Moura, se depender da vontade do produtor Cláudio Kahns. “O elenco ainda não está fechado”, diz Kahns que, concordando com o colega inglês Simon Egan, pensa em atores com apelo popular.