Está marcada para este domingo (10), às 7h (hora local, 9h em Brasília) a morte de Martha Liria Sepúlveda. Com esclerose lateral amiotrófica (ELA), colombiana de 51 anos é a primeira pessoa sem estado terminal a ter a eutanásia autorizada na Colômbia.
A eutanásia, ou morte assistida, é legalizada na Colômbia desde 1997. O país, aliás, foi o primeiro na América do Sul a legalizar o procedimento. Porém, a prática valia apenas para pacientes que tivessem doenças terminais — ou seja, seria uma forma de abreviar o sofrimento da pessoa em situação já irreversível, se assim fosse a decisão dela.
Em julho de 2021, a Corte Constitucional — equivalente ao Supremo Tribunal Federal no Brasil — aprovou a extensão do acesso à eutanásia para pessoas que não estejam em estado terminal. A decisão foi autorizada por 6 votos favoráveis e 3 contrários. A decisão estende a eutanásia “sempre que o paciente padecer de um intenso sofrimento físico ou psíquico, proveniente de lesão corporal ou doença grave e sem cura”.
É aí que entra a situação de Martha, com esclerose lateral amiotrófica (ELA), que relatou sentir dores e ter perdido o movimento das pernas, o que a atrapalha na vida cotidiana.
Já em julho, pouco depois da decisão da Corte, Martha solicitou a autorização e conseguiu. Primeiro, gostaria que a eutanásia fosse aplicada em 31 de outubro, mas preferiu antecipar para 10 de outubro — ou seja, este domingo — para as 7h, hora em que costumava ir à missa.
“Sou uma pessoa católica, me considero alguém que crê muito em Deus, mas, repito, Deus não quer me ver sofrer e acredito que não quer ver ninguém sofrer. Nenhum pai quer ver seus filhos sofrerem”, disse ela.
O filho Federico, de 22 anos, reconhece que gostaria de ter a mãe por mais tempo, mas afirma que aceitar a decisão da eutanásia é o “maior ato de amor” que já fez. “Em princípio preciso da mamãe, quero ela comigo, quase em qualquer condição. Mas sei que em suas palavras ela já não vive mais, apenas sobrevive”, disse