Bolsonaro e Merkel tiveram uma conversa excepcionalmente aberta que se transformou em um bate-papo amigável e relevante entre dois líderes com visões de mundo muito diferentes, de acordo com duas autoridades que testemunharam a cena.
Segundo relato de uma desses autoridades, Bolsonaro expressou à chanceler alemã que ele não era tão mau quanto a mídia sempre o retratou. Merkel, que durante seus 16 anos no poder também passou pelo escrutínio da imprensa, sinalizou que entendia. Merkel quis saber de Bolsonaro qual é o maior problema que ele tem enfrentado na gestão do país. O presidente brasileiro respondeu que é a disparada dos preços do gás.
De fato, a inflação ameaça sair do controle, corroendo a renda de muitos brasileiros e acirrando as dificuldades em um país que teve o segundo maior número de mortos Covid do mundo. Poucos meses antes das eleições, Bolsonaro está atrás do ex-presidente esquerdista Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas.
Merkel é conhecida por ser capaz de ouvir sem julgar, o que muitos consideram ser uma das suas principais qualidades. Ela de fato vem tentando, ao contrário de muitos outros líderes do G-20, manter abertas as linhas de comunicação com Bolsonaro. O Brasil é um grande parceiro comercial da Alemanha e há uma grande comunidade de descendentes de alemães no país que remonta ao século 19.- ANÚNCIO -https://s.yimg.com/rq/darla/4-6-0/html/r-sf-flx.html
Durante os incêndios florestais na Amazônia em 2019, Merkel ofereceu-lhe ajuda financeira para combater o fogo. Durante uma cúpuka de países ricos em Biarritz naquele mesmo ano, quando o presidente da França, Emmanuel Macron, criticou publicamente Bolsonaro, ela pediu a outros líderes que pegassem leve com Bolsonaro para não isolá-lo ainda mais.
Em Roma, chefes de Estado e de governo demonstraram pouco interesse em interagir com Bolsonaro. Parte do problema é que Bolsonaro atraiu indignação internacional com o aumento do desmatamento na Amazônia. Suas opiniões são vistas como absurdas por aqueles que trabalham em busca de metas climáticas ambiciosas antes das negociações da COP26 das Nações Unidas em Glasgow, que começam na segunda-feira.
Bolsonaro teve apenas duas reuniões bilaterais até agora em meio ao G20, uma com o presidente da Itália, anfitrião do evento, e outra com o novo secretário-geral da OCDE, o grupo de países desenvolvidos que o Brasil busca integrar.
A percepção de isolamento ficou ainda mais evidente na manhã de domingo, quando ele não acompanhou um grupo de presidentes e primeiro-ministros que passeava no centro de Roma, rindo e tirando selfies ao lado da famosa Fontana de Tre