Nesse primeiro mês do ano, muitos maranhenses estão incomodados com a quantidade de muriçocas que aparecem, principalmente, durante o período noturno. Além do zumbido irritante, a picada da inseto causa coceira e desconforto.
“A muriçoca perturba muito o repouso da gente, porque o macho faz aquele zumbido irritante, e a fêmea pica e pode transmitir alguns patógenos. E a doença mais importante que a muriçoca pode transmitir é a elefantíase, mas aqui em São Luís e no Maranhão, essa doença não é tão comum, não é endêmica. Então, a perturbação mesmo da muriçoca é em relação as picadas e aos zumbidos durante a noite. A muriçoca tem hábito noturno, já o Aedes, que é o vetor da Zika, Chikungunya e Dengue, tem hábito diurno, então a gente tem que se preocupar com esse”, explica o doutor em Ciências Biológicas e professor do departamento de Biologia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Macário Rabêlo.
O professor destaca que a infestação de muriçocas que está acontecendo na Grande Ilha de São Luís em outras partes do Maranhão acontece por causa do período chuvoso.
“Como os mosquitos de modo geral são insetos aquáticos, então é natural que no período chuvoso eles se desenvolvam nos criadouros, principalmente entre os meses de dezembro e janeiro”, afirma Macário.
O biólogo também pontua que é necessário ficar atento aos mosquitos transmissores de doenças. O risco para a saúde acontece nos casos da proliferação de mosquitos como o Aedes Aegypti e o Anopheles.
“O risco para a saúde ocorre em relação àqueles mosquitos que a gente sabe que são transmissores de doença, como Aedes Aegypti, que prolifera muito nesse período. Se esse mosquito se proliferar agora, há a tendência de aumentar os casos de doenças como Dengue, Zika e da Chikungunya. Mosquitos do gênero Anopheles, encontrados na capital e no interior do Maranhão, são também transmissores da Malária”, explica o professor.
Medidas Preventivas
De acordo com Macário, boa parte dos mosquitos se desenvolvem no ambiente doméstico. Para evitar a proliferação desses insetos, é necessário eliminar focos de água parada e armazená-la corretamente. Deve-se sempre estar atento a água acumulada em pneus, tanques, plantas e caixa d´água.
“O que a gente precisa ter me mente é que o mosquito ocorre o ano inteiro. Tem vários mosquitos que se criam em ambiente doméstico, porque tem água acumulada. As pessoas habitualmente acumulam água, porque a água potável é distribuída de maneira irregular, então, as pessoas acumulam em tanque em baldes, em tonéis. E naquela água acumulada, o mosquito se cria. E quando chega a chuva, e os criadouros se formam nas ruas, em terrenos baldios e em pequenos riachos, valas, isso também forma criadouros para os mosquitos”, destaca o pesquisador.
Outra maneira de se prevenir é por meio de repelentes. Ele deve ser aplicado em todas as áreas expostas do corpo, respeitando o intervalo sugerido pelo fabricante. Também existem os repelentes caseiros, como o óleo de cravo, a citronela e o óleo de eucalipto.
Carro Fumacê
Segundo a Prefeitura de São Luís, por causa da infestação dos mosquitos, a Secretaria Municipal de Saúde (Semus) iniciou as ações de borrifação por carros fumacê em bairros divididos por distritos e em horários pré-estabelecidos pela Coordenadoria da Vigilância Epidemiológica e Sanitária.
Ainda de acordo com a prefeitura, a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos (Semosp) já ampliou os serviços de limpeza de valas e galerias, locais propícios para o aparecimento do mosquito. A Semus também orienta os agentes de saúde para visitas domiciliares.
“Durante as visitas domiciliares, reforcem com os moradores o pedido de limpeza de tanques, caixas d’água e recipientes que podem vir a ser criadouros do mosquito Culex (muriçoca) e do Aedes, este último causador da dengue e de outras enfermidades”, afirma a Semus em nota divulgada.