Laudos de análise da água e do solo na comunidade de Aurizona, em Godofredo Viana, apontaram contaminação por metais pesados de 100 a mil vezes acima do máximo permitido. A região ainda sofre com as consequências de uma barragem de rejeitos que transbordou e gerou uma enxurrada que atingiu um rio e a estrada que dá acesso à comunidade.
O caso, ocorrido em março de 2021, gerou uma ação civil pública na Justiça Federal, com pedido de liminar, contra a empresa Mineração Aurizona (proprietária da Barragem) e o governo do Maranhão por causa do dano ambiental.
pesquisa sobre a contaminação do solo e da água em Aurizona foi conduzida pela USP, Unicamp, e as Universidades Federais de Ouro Pedro e do Maranhão.
“Os perigos são muito grandes. A gente está falando de uma quantidade de metais tóxicos de boa parte da tabela periódica que podem gerar problemas desde infecções cutâneas, uma simples coceira, até problemas neurológicos. Todos esses metais tóxicos têm uma tendência e são associados a efeitos carcinogênicos”, afirmou Wlisses Nascimento, professor e pesquisador da UFMA.
A população local segue preocupada com as consequências da tragédia ambiental, que podem ser gravíssimas para a saúde.
Manifestação
O Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) representa cerca de 150 famílias que foram diretamente prejudicadas pelo rompimento da barragem em Aurizona. Com os laudos, o MAB deve formalizar denúncia aos órgãos competentes.
“O que a gente espera da SEMA, da Agência Nacional de Mineração, do Estado Brasileiro como um todo, os órgãos de Justiça, é que, ao ter acesso a esses laudos, possam de fato fazer uma intervenção necessária naquela região”, Dalila Calixto, coordenadora nacional do MAB.
O Comitê de Direitos Humanos da América Latina também já tomou conhecimento do caso. A região faz parte da Amazônia Legal e abriga muitas pessoas que tiram o sustento da natureza.
“A empresa tem muito dinheiro e suas operações são muito lucrativas, então não há razão não cumprir suas obrigações sociais, econômicas e de seguridade”, afirmou Rosalinda Fidalgo, que participa do Comitê.
A Secretaria do Meio Ambiente do Maranhão informou que acompanha as medidas de recuperação da área degradada e fiscaliza a redução dos impactos socioambientais ocasionados pelo rompimento da barragem. A SEMA disse também que foram lavrados autos de infração que totalizam mais de R$ 30 milhões em multas contra a empresa Equinox Gold.
Já a Secretaria de Direitos Humanos informou que realizou ação conjunta com diversas instituições, que resultou em um relatório que serviu para a instrução dos processos judiciais sobre o caso.