O segundo domingo do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) bateu novo recorde de abstenção – mais de 3 milhões de alunos faltaram às provas, número superior ao registrado na semana passada. Após encontrar escolas e ônibus cheios no primeiro domingo de testes e com medo do avanço da pandemia pelo país, mais estudantes deixaram de fazer o exame, principal porta de entrada para o ensino superior no Brasil.
Apesar da alta abstenção, o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Alexandre Lopes, disse neste domingo que a aplicação foi satisfatória. “Para 2,4 milhões que fizeram, foi importante a realização do Enem. Tivemos milhões de pessoas interessadas em fazer a prova e, por isso, vão concorrer às vagas do Sistema de Seleção Unificado (Sisu), no primeior semestre de 2021.”
Em visita para fiscalizar a aplicação da prova, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, citou a redução de gastos para justificar o planejamento das salas. Como o Estadão revelou, as classes foram planejadas com capacidade de até 80% – e não de 50%, como prometido à Justiça.
Indagado se o MEC contou com a abstenção de 30%, conforme relataram gestores estaduais e universidades, ele disse que “se houve pensamento de 30% (de abstenção), estávamos certos porque foi maior”. E completou: “Imagine se o Inep tivesse contratado tudo (salas para todos os inscritos)? O valor do dinheiro que haveríamos de usar.” Segundo o ministro, foram gastos R$ 700 milhões com o Enem.