No mês em que completa 80 anos de vida – comemorados na próxima segunda-feira – Roberto Carlos tem sua obra revista no livro “Querem acabar comigo – da jovem guarda ao trono, a trajetória de Roberto Carlos na visão da crítica musical”. A obra sai pela editora Máquina de Livros, do pesquisador Tito Guedes, de 23 anos.
O autor faz uma análise de como a crítica musical especializada encarava o cantor mais popular do país ao longo dos anos e mostra que o Rei estava longe de ser amado pela imprensa como sempre foi por seus fãs. Em 1965, com a Jovem Guarda no auge e um programa com os artistas do gênero no ar, um crítico de TV disse que eles eram um grupo de garotos dançando de forma grotesca.
Roberto Carlos foi definido como “um debiloide de pouco mais de 20 anos, que fazia sucesso cantando sobre um calhambeque”. Outro dizia que não conseguia nem entender o que ele falava, já que ele não sabia cantar – pontua Tito, que é filho do jornalista Octavio Guedes, da GloboNews – ao mostrar que o tratamento em relação ao cantor só foi melhorando quando ele ficou mais próximo de ícones da Tropicália, como Caetano Veloso e Gilberto Gil, bem vistos pelos intelectuais da época. Ter música gravada por Elis Regina também ajudou.
O título do livro é de uma canção homônima gravada por Roberto Carlos no álbum de 1966. Segundo Tito, esse foi o momento em que a crítica atacou mais fortemente a produção do cantor. O autor destaca que, mesmo na década de 1970, quando os críticos deixaram de fazer ataques pessoais a Roberto, o fato de seus discos venderem muito era visto com muita ressalva. Os discos mais execrados do Rei da década de 1960 passaram a ser tratados como obras-primas a partir de 1990. Já boa parte da crítica seguia falando mal do Roberto ainda nessa época.